Fome de solidez: amadurecer é saber escolher.
Uma reflexão sobre a transição para a vida adulta, explorar a necessidade de redescobrir amizades e priorizar metas para viver de forma mais autêntica e significativa.
“Ando com fome de coisas sólidas e com ânsia de viver só o essencial.” - Guimarães Rosa
Ainda esta semana, me deparei com essa frase em um reels do Instagram e logo me lembrei da leitura do livro “24 cartas de João Guimarães Rosa a Antonio Azeredo da Silveira”, onde Guimarães Rosa cita essa frase. Isso me fez refletir sobre como as interpretações podem se remodelar à medida que crescemos. Esse sentimento tem me atravessado com uma intensidade nova, uma urgência por cortar excessos e me cercar do que, de fato, importa. A fase da vida em que estou exige uma triagem constante — não posso mais carregar tudo e todos comigo, como fazia antes, quando bastava existir ao lado de alguém para sentir uma amizade plena. Agora, começo a perceber que muitas dessas relações são apenas presença, sem substância.
Exatamente por isso, ressignificar as amizades no início da vida adulta é um exercício delicado e necessário. É um processo de entender que nem todas as conexões feitas ao longo dos anos sobreviverão à jornada de quem nos tornamos e, principalmente, de quem queremos ser. Não se trata de descartar pessoas, mas de aceitar que algumas se tornam capítulos que tiveram sua relevância em um momento específico, mas que não se encaixam mais no que buscamos agora. As prioridades mudam e, com elas, a forma como nos relacionamos também.
Dito isso, focar em metas, objetivos e no meu progresso pessoal exige esse tipo de discernimento. Honestamente, percebo que já não tenho tempo para aquilo que não me acrescenta, para conversas vazias ou encontros automáticos. O que me interessa agora são os vínculos que trazem reciprocidade, que me desafiam a ser uma versão melhor de mim mesma. Aqueles que entendem que a vida adulta, com toda a sua intensidade, pede presença de verdade, não só proximidade física. As relações que valem a pena são aquelas que sobrevivem às pausas, que compreendem quando precisamos focar em nós mesmos, em nossos projetos, sem exigir uma constância superficial.
Essa fome por solidez se estende também ao modo como enxergo meu caminho. O essencial, para mim, agora, é viver alinhada com meus valores, com os sonhos que escolhi perseguir e com as pequenas vitórias que vêm ao longo do processo. Cada meta que estabeleço, cada objetivo traçado, tem mais significado quando não estou carregando o peso de expectativas externas ou mantendo relações que me ancoram em versões antigas de quem fui.
No fundo, essa fase de transição é sobre liberdade. A liberdade de escolher o que permanece e o que deixo ir. De focar nas coisas que têm peso, substância, que me movem. A fome de coisas sólidas e a ânsia de viver só o essencial têm me guiado para um espaço onde as relações são mais verdadeiras e meu progresso pessoal tem mais clareza. Agora, mais do que nunca, estou em paz com o fato de que nem tudo precisa continuar, e que viver bem é saber filtrar, focar e seguir em frente, sempre com a leveza de quem escolhe carregar só o que importa.
Para ouvir: That Moon Song, Gregory Alan Isakov
Adorei o texto, amiga. Me identifico bastante com o sentimento! (e adoro o that moon song!!) <3